quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Platônico blasé

Entrou quieto na sala. Recebi uma cutucada. Gato, né? Muito. Deixa quieto.
Na apresentação, um nome comum, algo em comum. Puxa papo, vem, vai. Outras coisas semelhantes. Assuntos recorrentes de literatura, teatro, cinema. O tempo passa e um encanto, me encanta. Platônico, total.
Tento me aproximar. Primeiro com más intenções, claro. Depois ingenuamente. Talvez eu devesse ter invertido essa ordem... As caronas que antes eram constantes e divertidas sumiram. Como um bicho acuado se esconde. Atrás dos assuntos recorrentes, simples, superficiais. Atrás de desculpas muito bem esfarrapadas. Tudo bem, calma, não quer mais nada contigo.
Ele parece não entender. Esquiva-se cada vez mais, entrando em sua toca. Seu corpo mostra que há uma certa importância na presença e opinião de minha pessoa. Mas as ações... ah, essas nada demonstram, nem sim, nem não, muito menos um talvez. Assuntos de estudo, respostas, qualquer outro, silêncio. Incomodo total. Recusa de uma amizade quem bem mal começou. Sinto-me traída apesar de nunca ter ouvido promessa nenhuma. Sinto-me esquecida, sem nunca antes ter sido lembrada. Aquele que antes percorria meus sonhos hoje me dá enjôo. Blasé à demasia. Racional ao extremo, e em cada detalhe. A mão que não pode se encostar, o choro que cala, o jeito distante de falar. Isso me irrita. Gente que não se entrega no que faz e fica observando tudo com ar de superioridade. Defesa, só pode ser. Não, não consigo, não aprendi a lidar.
E ainda me pergunta: só por que eu não gostei do seu amigo?
Muito longe disso, meu bem.

3 comentários:

Helio Perez disse...

Ô xuxu
acho que esse foi um dos teus textos mais bem escritos. Tá crescendo hein boneca? Será que vai chegar o dia em q eu vou entrar numa livraria e perguntar, "tem o último da Luiza?"

Mariana Krause disse...

Super bem escrito amiga!!
concordo com o comentário acima, você ainda vai autografar muitos livros, tenho certeza!
e sei o que há por trás desse relato!

Anônimo disse...

hey, eu não sei o que há por trás!
*invejinha*
hahahah
mas parabéns pelo texto mesmo assim