sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Reedição

Parei pra dar uma lida em uns textos antigos e achei esse, que gostei bastante. Ele não foi escrito para ninguém em especial, apesar de parecer (volto a falar pq na época deu até briga. rs)

Carta
15 de janeiro de 2009

Desse teclado sujo te escrevo mais um vez. Tenho certeza que mais uma vez vc não irá responder, mas tudo bem, não me incomodo. O sol tá se pondo lá fora, a Baía tá bonita e o calor tá de matar. Esse ventiladorzinho de duas pás não dá conta. Seu desenho preso no mural tá quase caindo mas eu não me importo.
Quantas vezes fiz questão de manter a sua memória em mim. No meu corpo, na minha vida. A sua marca. Tão desnecessariamente, tão desesperadamente. Me cercava de imagens sons e cheiros que não me deixassem te esquecer e pra quê. Uma tentativa inválida de suprir uma saudade que talvez não fosse para eu sentir. Saudade do que eu sonhava que a gente viveria.
Agora vejo que tudo isso foi em vão. Quando vc quis, disse tchau, virou as costas e foi embora. Mas não fechou a porta - afinal vc nunca faz isso. Deixou um frestinha para eu, boba, ficar te observando indo, indo.
Mas já chega, sabe. Tenho muito mais o que fazer. Há um mundo interinho lá fora para eu percorrer, há milhões de outras coisas para ouvir - muito além do seu violãozinho barato tocando aqueles pops anos 90. - muitas coisas para assistir além das suas séries de tv favoritas.
Eu quero voar e vc me prendia. Dentro de um ninho, uma gaiola, não sei bem. Preciso me livrar dessa e de muitas outras amarras, sei que isso é só o começo. É verdade, não foi sua, a culpa. Sou eu e minha maldita dependência, carência, imprudência chame do que quiser. Mas em momento nenhum você foi contra isso, não é verdade? Em momento nenhum vc se esquivou. Até gostava né. Massagenzinha para o Ego...
Só que agora é assim que vai funcionar, ok: vc aí, eu aqui.
Preciso de meu espaço, preciso da solidão.
Preciso descobrir quem sou eu.
Sem você.

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