terça-feira, 3 de agosto de 2010

Será que algum dia vai tudo voltar mesmo a ser como era antes entre a gente?
Fiquei nervosa quando te vi, não sabia o que ia sentir.
Ficou tudo ok, se não fosse pelo teu jeito distante de olhar para a janela, para o lado oposto, por não olhar para mim.
Não sei se é vergonha, se é medo, insegurança.
Se acha que eu vou te agarrar ou te dizer umas verdades que vc não quer ouvir.
Não, não. Eu só queria que não parecesse que há algo estranho entre nós.
Resolvemos, não foi? todos os nossos problemas?
Então por que vc ameaça me abraçar, e recua?
Por que vc me dá um toquinho com o pé para perguntar como eu estou ao invés de agir como gente civilizada que chega perto, cutuca, encosta?
Ai gente estranha, viu.

De volta

Dias lindos de sol, céu azul claro dizendo: levanta! Cada dia uma novidade, um lugar novo uma gente nova. Cada semana uma despedida, um encontro. Descobertas e aprendizados palpáveis a cada dia. Muitas diferenças significativas convivendo, concordando aprendendo a conviver. Um é monarquista, o outro não abraça, um terceiro não conhece a religião católica. Aquele não gosta de tirar fotos, aquela não pára de filmar tudo. Uma se cobre dos pés a cabeça e diz, é minha religião. Outra cada dia veste um short menor que o outro. Ele gosta de comida apimentada, ela é muito tímida, eles querem abraçar todo mundo, mas não pode, por respeito. É tudo sempre novo, fresco se movimentando.
Ao chegar em casa era sempre festa, um chamego, uma cosquinha. Jantar acompanhada, ver um pouco de TV conversar sobre o dia. Ouvir as reclamações dos outros sem afetar em nada meu estado de espírito.

Enquanto isso eu pensava..
Que falta me faz sentar num boteco e jogar conversa fora. Que falta faz o feijão da empregada lá de casa, o colo da mamãe, o cafuné da vovó. Que falta faz meu edredon, minha cama, meu banheiro. Que falta faz meu samba do final de semana, meus amigos sempre cheios de sorriso. Que falta faz meus amores, nunca acabados. Meu cristo redentor, meu pão de açucar, meus arcos da lapa, meus dois irmãos, minha ipanema, meu arpoador. Que falta faz minhas voltas de bicicleta pelo aterro.

Cheguei e o céu tá cinza. O boteco tá caro, meus amigos nem sempre estão sorrindo. minha mãe nem sempre vai me dar colo, o cristo está encoberto. O tempo tá frio. Minah irmã tá longe e tudo parece muito pior do que era antes.
É, me avisaram que eu não ia querer voltar.
Que existe uma tal depressão pós-viagem.
Agora sento,
e espero passar.

E tento me reinventar