quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Pequenas conversas de carnaval (2)

Um homem alto de salto alto 15, peruca chanel rosa, um vestido esquisito e uma placa que dizia "votem na ms. pink para garota do fantástico" perada, quer dizer, parado no meio de uma rua. Saida do bloco. Alguns fantasiados, outros nem muito e outros nem um pouco. Cada um que passava levava uma piada.
- Amiiga! Vc tá vestida de que?
- Cadê minha varinha...? Pronto. Rainha das fadas!
- É muuuita maconha!


Um cara mais velho, solteiro convicto aparece em pleno carnaval de aliança no dedo. Vagabunda, é verdade, mas uma aliança.
-O que é isso?
-Casei.
-Como assim?
-Fiquei com uma noivinha no bloco de ontem e ela me deu uma aliança.
Eta criatividade. Ou melhor, eta vontade.


Duas meninas vestidas de noiva.
-Casa comigo? - mais um babaca pergunta.
-Não. To casando com ela.


Um daqueles blocos infernais onde ninguém dança, nada se escuta muito se bebe. Duas tentam se divertir como no bloco de mais cedo, tentam dançar mas a música tá ruim e longe.
- Vam'bora?
- Vam.
Um babaca segura pela cintura. Outre tenta pegar o cabelo. As duas encurraladas por homens de dois metros de altura do tipo só-musculos.
- Puta-que-pariu só tem homem nessa merda!
- Não gosta não? - disse um dos músculos.
- Não desses homens.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Pequenas conversas de carnaval

Um homem. De bermuda preta, capa preta e um tridente na mão dasce as ladeiras de Snta. Teresa atras do bloco. Uma mulher. Saia Jeans, camiseta branca pula na frente dele e grita em tom de indignação:
- Cadê o chifre?!?!



- Vocês tem pó? - nos aborda uma cara mais velho, barrigudo, sem camisa e sem olhar muito pra nossa cara.
- Pó?
- É. pó.
- ?
- Não é pó de cheirar não. É de passar no rosto.
- Não, não. Nenhum dos dois.



Uma moça vestida de joaninha com seu namorado vestido de pirata. Uns homens grandes, fortes, com cara babacas e sem camisa atrás. "rema rema rema remador, vou comer o cu trocador se o trocador for vigarista... (Eis que o cidadão sem noção)
- Vou comer o cú da joaninha!
Olhar incrédulo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Vai tomar no cú.

Tem horas que eu realmente deveria falar isso. Com a boca bem cheia, cheia de vontade, de raiva, a mais genuína possível. É isso que eu penso quando olho para trás e vejo certas situações que passei. Na hora, eu pego a raiva, coloco em um copo com água. Fico olhando efervescer e engulo, sem fazer a menor cara feia. Aí vem a azia, ah e que dor. Vem aí a vontade de voltar no tempo e falar: Vai tomar no cú. Mas é um vai tomar no cú bem mandado. Com um certo desdém e cara de quem a partir dali não quer mais saber daquela coisa ou daquele ser. Vai tomá no cú para afastar aquele que acabou de falar alguma coisa bem imprópria, bem inadequada pro momento, inesperada e bem.. escrotinha. A resposta que eu deveria dar é essa, tenho certeza que me faria bem. Mas engulo com sorriso no rosto.
Depois fico aqui me lamentando do que já passou, chorando no quarto ou com vontade de esmurrar a porta.
Eu deveria evitar bebidas efervescentes.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A primeira vez a gente nunca esquece

Essa semana acompanhei um menino ao seu primeiro dia de aula. Ele estava entrando no CA - que agora se chama 1º ano - na escolhinha nova. A excitação era evidente no olho dele, escolheu a cor de uniforme que ele mais gosta, o tennis mais bonito e foi. Ainda inseguro, o deixamos na sala e ficamos olhando de longe. Aos poucos foi conversando com os outros meninos e em dois minutos estava correndo pela escolhinha com o resto da turma.
Lembrei muito do meu primeiro dia de aula no CA. A gente tinha escolhido tudo da nova escola. O Marista tinha feito um concurso para escolher o nome - Maristinha (dã), o desenho do parquinho. Era tudo do nosso tamininho, novinho, lindinho. Uma emoção ver tudo pronto, no meu primeiro dia de aula.
Fui vendo que lembro muito das minhas "primeiras vezes": o primeiro dente que caiu, a primeira vez que sentei no banco da frente do carro, a primeira vez que andei sozinha na rua - até a padaria, a primeira vez que sozinha passei da padaria, a primeira vez que andei de ônibus sozinha. A primeira vez que tomei cerveja, a primeira vez que voltei depois da meia noite pra casa, a primeira Lapa. O primeiro beijo, a primeira transa, o primeiro fora. Lembro tudo nos mínimos detalhes.
E o mais engraçado é que não é só a minha primeira vez. O primeiro beijo com cada cara eu lembro onde foi, como foi, quando foi, que que eu pensei antes e depois.
Acho que a maioria das pessoas não lembra tanto assim das primeiras vezes. Conversei com outras pessoas e realmente.. lembra uma coisinha ou outra, mas não dão essa importância toda.
Aliás nem eu sei por que dou tanta inpportância para as primeiras vezes. Acho que tavez por que elas não vão nunca mais se repetir então eu tento estar inteira nesses momentos. Ok... ok... nenhum dos outros momentos vão se repetir. Mas é tão gostosa a sensação de descoberta.. a escola nova, o amigo novo, a rua nova, a boca nova.
É tão bom! que a primeira vez, eu nunca esqueço.