domingo, 18 de outubro de 2009

Sinto um aperto no peito
um nó na garganta
desde que você se foi.

não sei se sei o que sinto
não sei se quero saber
não sei o que te dizer

me solta.
me deixa respirar.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Ai, sei lá, eu queria estar apaixonada por você.
Mas não estou não, relaxa.
Quer dizer eu acho que não estou. E espero que não.
Idéia de giríco me apaixonar por você.
Tão lindo lá em cima do palco, tão longe - em outra cidade, tão namorado de outra, tão distante.
Imagina, loucura querer me apaixonar por você.
Mas me sinto muito sozinha.
Às vezes.
Na verdade em outro momentos queria ficar mais sozinha. Mas quando me sinto só, sinto falta de alguém como você ao meu lado.
Alguém que o riso fosse certo e o carinho também. Alguém que eu pudesse abraçar durante um longo tempo sem cerimônia e pedir companhia num dia de chuva.
Me sinto tão bem com você que gostaria que esse alguém fosse você. Parece muito fácil a conversa, a atenção, a admiração por você.
É gostoso estar ao seu lado, é fácil.
Queria ter alguém do meu lado facilmente.
Alguém que eu não precisasse medir palavras e gestos. Alguém que não ficasse com vergonha quando ouvisse um elogio e nem tivesse medinho do que as pessoas vão pensar. Sinto-me um pouco cansada de correr atrás dos caras.
Meio com preguiça, na verdade.
É talvez eu queria mesmo é ficar sozinha.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Memória de um silêncio eloquente

Elisa Lucinda

Para ti
sempre tive um infinito
estoque de perdão.
Só para ti
perdoei mais que suportava,
mais do que pude.
Minha cerca-limite era sem estatuto,
não tinha um não delimitando nada.
Fui perdoando assim de manada
e muitos erros desfilaram me ferindo
nos interferindo silenciosos,
sem ninguém denunciar.
Perdoa a dor que te causei,
é que você estava há tempo me machucando
e eu não gritei.

domingo, 12 de julho de 2009

"Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço." - Kant

segunda-feira, 6 de julho de 2009

É bem isso:

recebido por e-mail
Não há nada que me deixe mais frustrada
do que pedir sorvete de sobremesa,
contar os minutos até ele chegar
e aí ver o garçom colocar na minha frente
uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido.
Uma só.

Quanto mais sofisticado o restaurante,
menor a porção da sobremesa.
Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência,
comprar um litro de sorvete bem cremoso
e saborear em casa com direito a repetir quantas
vezes a gente quiser,
sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.

O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.

A vida anda cheia de meias porções,
de prazeres meia-boca,
de aventuras pela metade..
A gente sai pra jantar, mas come pouco.

Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.

Conquista a chamada liberdade sexual,
mas tem que fingir que é difícil
(a imensa maioria das mulheres
continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').

Adora tomar um banho demorado,
mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.

Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo,
mas tem medo de fazer papel ridículo.

Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD,
esparramada no sofá,
mas se obriga a ir malhar.
E por aí vai.

Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar',
tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...

Aí a vida vai ficando sem tempero,
politicamente correta
e existencialmente sem-graça,
enquanto a gente vai ficando melancolicamente
sem tesão...

Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'.
Deixar de lado a régua,
o compasso,
a bússola,
a balança
e os 10 mandamentos.

Ser ridícula, inadequada, incoerente
e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.
Recusar prazeres incompletos e meias porções.

Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou
e disse uma frase mais ou menos assim:
'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'....

Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem,
podemos (devemos?) desejar
várias bolas de sorvete,
bombons de muitos sabores,
vários beijos bem dados,
a água batendo sem pressa no corpo,
o coração saciado.

Um dia a gente cria juízo.
Um dia.
Não tem que ser agora.

Por isso, garçom, por favor, me traga:
cinco bolas de sorvete de chocolate,
um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order',
uma caixa de trufas bem macias
e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK?
Não necessariamente nessa ordem.

Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . . .

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Desculpa, mas eu não consigo ser indiferente a você.
Da mesma forama que o meu irmão, a minha raiva dura apenas até você me sorrir.
E aí tudo vira festa, só um carinho na nuca e eu me derreto.
Queria que tudo fosse bem mais simples e no momento que eu dissesse "estou com saudade" vc surgisse na minha frente.
Queria também que quando eu dissesse "não quero nunca mais te ver", você sumisse.
Se você me obedecesse minimamente eu ficava feliz... ao falar: me ligue, vc ligasse.
Ou então, ficaria feliz que vc aceitasse as minha propostas: "vamos ao cinema?""vamos".
Gostaria que tudo fosse BEM mais simples.
Gostaria de gostar de você e que você gostasse de mim.
E assim seriamos felizes e eternos enquanto durasse.
Enquanto durasse.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Reencontro

Sabe, sempre senti a sua falta. Nesses 9 anos que ficamos sem nos ver sempre procurei alguém que morasse perto para conviver. Era tão prático abrir a porta de casa e ter o seu melhor amigo ali: espetando uma maçã verde, gritando o seu nome, esperando por você. Era bom acompanhar a vida de alguém tão de perto. Poder compartilhar as histórias, brincadeiras, descobertas, brigas...
Mas estava com um certo medo de te encontrar. Medo bobo, mas sei lá, tinha tanto tempo né? Tantas coisas mudaram no nosso corpo, na nossa vida, nas nossas idéias. E se a gente não tivesse assunto? E se ficasse com vergonha e nem conseguisse chegar perto pra conversar? e se vc tivesse se tornando um babaca??
Foi um alívio aquele domingo a tarde. A gente engatou a primeira e passou horas conversando. Passamos por vários assuntos e descobri que vc não só não é um babaca, como se tornou um cara bem legal. Fala sobre varios assuntos, escuta, é educado, tem varias idéias interessantes.
Vi um pouco daquele menino também. Lá no fundo do olho ainda contando a história da maçã meio assombrado. Acho que se desse ficávamos o dobro do tempo ali colocando o papo em dia como se não tivessem se passado 9 anos... espero o nosso chopp.
;)

Redemoinho

Toda vez que volto para esse ponto sinto que entro num ciclo sem fim. Um ciclo que me puxa para baixo, me faz sentir de novo coisas que eu já tinha parado de sentir.
Sempre que paro de novo nesse ponto tenho aquela estranha sensação de já ter passado por ali, se estar perdida, andando em circulos sem reconhecer o caminho de saída.
Quando olho para esse ponto mais um vez sinto cansaço, que já passou a minha hora de ir embora.
Sempre que entro nesse redemoinho o vento confunde as minhas sensações, as memórias se embaraçam e tudo que eu quero é pôr os pés no chão.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Quanto tempo...

Muito tempo que não escrevo por aqui.
Não é só falta de tempo de sentar na frente do PC e escrever não.
Tenho escrito. Mas escrito para mim.

A gente aprende muita coisa através da observação, dos exemplos. Aprendi a não expressar os sentimentos mais verdadeiros e profundos, pequena eu era, e mal tinha sentimentos profundos.
Um dia me disseram: "Sentimento entalado na garganta dá doneça. Tem que falar, expressar, gritar, não pode esconder. Corrói por dentro, apodrece, a gente fica doente, e até morre."
Virei matraca. Dá doendo, grito. Não to gostando, reclamo. Não to entendendo pergunto e quero resposta, agora. Gosto, digo, amo, escrevo, demostro.
Aprendi também que a vida passa rápido e se a gente não disser agora, pode não dar mais tempo de dizer. Nada pior do que ser tarde de mais pra dizer "eu te amo", fazer um cafuné, olhar e compreender.

Mas aí tudo virou ão. E ão e inho são sempre perigosos e precisam de cuidados. Antes mesmo de saber o que EU sentia ou pensava, falava. Cheia de opiniões e certeza, dando com a cabeça na parede mas sempre nos extremos. Falando de montão, gritando altão, reclamando muitão. Pensando bem pouquinho, deixando os sentimentos amadurecerem nem um tiquinho, sem ser devagarinho.

Descobri que às vezes é melhor calar. às vezes é melhor falar. outras melhor é se expressar, cantar, desenhar, interpretar, escrever.
às vezes é melhor só olhar.

domingo, 17 de maio de 2009

Muito tempo que não sentia falta dele assim.
Logo com um filme, em uma cena especifica, onde um pai olhava sua filha no palco.
Olhava como só um pai olha, com um orgulho que mais ninguém sente.
Um amor que só pai e filha sabem como é que é.
e é, só eu sei.
do cafuné, do sorriso, do beijo na testa, do olhar, das histórias.
Lembranças que talvez já estejam totalmente distorcidas.
Mas é desse jeitinho memso que sindo saudade.
Sem remédio.
Só o stop.

domingo, 10 de maio de 2009

Apaixonar, ou não apaixonar? Eis a questão.

O apaixonado é aquele ser que deseja intensamente algo ou alguém. O apaixonado é aquele que sofre inevitavelmente. Em todas as histórias de paixões podemos ver isso: o amor proibido, o amor não correspondido, a ausência, e tantos outros “maus de amor”.
Sendo assim, todo apaixonado um sofredor por natureza.
é?

Será possível alguém sentir falta de sofrer? E de amar?

Semana passada uma amiga declarou: estou completamente apaixonada, como nunca estive antes – com um sorriso de orelha a orelha.
Ok, ela fala isso sempre que se apaixona. Mas foi me contando da semana anterior que fora passada nos braços do amado, como se tudo aquilo fosse uma grande novidade. Contando dos planos de se casar - com alguém que se relaciona a uma semana! Não sabia o que dizer a aquela amiga.
Parte de mim sorria por ela, outra parte pensava – menina louca! - e a outra pasmamente... a invejava.
Ela me contou que desde um certo ex-namorado, havia se relacionado com alguns caras.. teve alguns namoros legais, mas todos muito racionais. Pela primeira vez, desde então, ela estava sem rumo, se entregando de verdade, loucamente.
Será que vai ser assim com essa aqui que vos fala?
Bom, melhor não, me amedronta a idéia de perder o rumo, o prumo, o sumo.
Mas lá no fundo.. lá no fundo mesmo sinto falta desse sentimento que invade, carregando tudo, que não te deixa pensar em mais nada, só restando aquela saudadezinha, aquela vontade de estar 24h com a pessoa amada..
Meio masoquista, mas as vezes me falta um sofrimentozinho pelos outros.
É deve ser isso... deve ser casaço de prestar atenção em mim, sofrer pro mim. Até pq, sofrer pelos outros é dolorido, mas dói bem menos do que quando é tudo pessoal e intransferivél...

sábado, 25 de abril de 2009

O Que Pensam As Estrelas?

Jair Oliveira

O que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, vivo?
Elas observam meu presente indeciso
Eu contemplo o seu passado preciso
Eu choro, espirro, gozo...
E elas, simplesmente, brilham

Mas o que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, sonho?
Impropérios e desaforos rondam meus planos
Igual ao vácuo abraçando aos sistemas
Tantos nós, tantos sóis...
Eu como, eu apodreço, eu vomito...
Elas, majestosamente, brilham

O que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, grito?
Sussurros estelares carregam o tempo
Eu só enxergo o que os meus olhos permitem
Fuleragem atômica, mundana
Fuligem cósmica
Eu, sistematicamente, durmo
Elas, persistentemente, brilham

O que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, sofro?
Perco os propósitos no espelho manchado
Gotas randômicas preenchem o infinito
Elas caçoam de meu destino
Enxergam meu sol com indiferença
Seis bilhões de dúvidas!
Eu padeço, tombo, desisto...
Elas, esplendorosamente, apagam!

O que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, morro?

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Eros e Psique

Fernando Pessoa


...E assim vêdes, meu Irmão, que as verdades
que vos foram dadas no Grau de Neófito, e
aquelas que vos foram dadas no Grau de Adepto
Menor, são, ainda que opostas, a mesma verdade.
(Do Ritual Do Grau De Mestre Do Átrio
Na Ordem Templária De Portugal)

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Dorme minha estrela
que eu toco pra você dormir
Dorme minha estrela
que o teu anjo já está aqui
Dorme minha estrela
que eu toco pra vc dormir

Esta música é pra vc
descansar e sonhar
Com fadas e doendes
e com esse anjo aqui (i i i i i!)


;-)

quinta-feira, 26 de março de 2009

meus verdadeiros sentimentos por você

Eu não sei.
Juro que não sei o que é que me atrai tanto em você.
Já achei que fosse a impossibilidade de te ter.
Tive, não era.
Achei que fosse a amizade construida com carinho.
Tenho outras, não é.
Achei que fosse a alegria de viver.
A admiração que tenho.
O brilho do olho.
A intimidade.
Não. Mas não, não é não.
Talvez seja o mistério que te cerca sempre.
Mistério (do planeta) que acredito nunca desvendar.
Mas que me intriga.
Cê sabe disso.
E não me responde, esconde.

domingo, 22 de março de 2009

No dia em que eu comecei a andar
mamãe me deu uma estrela pequenina
e disse tu vais ver, teu nome ela vai ter
seus passo pela vida há de guiar.





*canção de ninar que ouvia quando era pequena

domingo, 1 de março de 2009

Somente amigos 3

Friends acabou e o som foi ligado. Dessa vez foi ela que escolheu, e colocou o iPod ligado nas música mais engraçadas e zoadas do mundo pra ver se o mau humor a deixava. Enquanto limpavam e arrumavam a casa deram boas gargalhadas. Ele saiu para comprar gelo e trouxe um almo-janta para os dois. Eram amigos como nos velhos tempos, se sacaneando, rindo e dividindo histórias sem nem parecer os memos da noite anterior.
O Lipe resolveu tomar banho enquanto ela acabava de organizar umas coisas. Dava para ouvir ele cantando do chuveiro e ela ficou perto da porta rindo sozinhs. Resolveu separar a roupa logo antes que ele saisse do banho. Abre caixa, fecha caixa - nem tudo estava no armário já. Ouviu o barulho da porta do banheiro destrancando, duas batidas na porta que pelo que ela se lembrava tava aberta. Sem olhar perguntou:
- Que é?
- Posso entrar?
- Que que vc queeer... - se virando para vê-lo só de toalha, ainda molhado com duas bermudas na mão. Isso já era sacanagem de mais com a libido de alguém.
- Qual que fica melhor?
- Sem nada - foi o que ela pensou. - A da direita e virou rapido, sem graça.
- O que houve?
- Nada.
- Vem cá, bravinha. A TPM já passou? - abraçando-a.
- Mais ou menos - com voz de quem faz charminho... mas já se derretendo toda. O Abraço dele a envolvia por inteiro, a deixou acolhida. O calor foi crescendo até os consumir por dentro, se beijaram. Primeiro devagarzinho, reconhecendo território, lingua, boca. A intensidade foi aumentando deixando-os cada vez com mais e mais calor. Parecia que faziam aquilo a muito tempo tamanha era a intimidade. Se apertaram forte. A roupa já era pouca e não foi dificil de ir embora. Mas ele fez questão de tirar com cuidado a camisola.. aquela, curtinha decotada que ela só podia ter colocado naquele dia de propósito. Primeiro desceu as alças beijando o caminho que elas faziam. O abjur ainda estava ligado e a cortina fechada, aquela cena foi linda. Deitaram no colchão que ele tinha carregado e ali colocado. Transaram. Uma primeira vez que parecia, sei lá, a décima. A intimidade, a falta de vergonha e a sintonia foi surpreendente.
Cansados, suados, pararam. Se olharam. E riram. muito.
- Vc tá acreditando que isso tá acontecendo?
- Eu? não. e você?
- Mais ou menos... afinal to aqui né, te olhando, pelada. Mas...
- O que?
- Isso não devia ter acontecido né?
- É. Mas isso não aconteceu. Aconteceu?
- Não. - soriram, se beijaram, se abraçaram.
A campainha tocou. - Fudeu. Vai atender a porta você que eu vou entrar no banho.
- Tá. - vestindo uma bermuda qualquer, sem cueca mesmo, torcendo para não ser ninguém de mais.
Era a Claudinha. Entrou dando estalinho nele e perguntando como estava a casa, a mudança, a relação com a Julia, agora que dividiam apartamento.
- Tá bem.. a gente já era bem amigo né, então tem dado tudo certo. Você pode esperar aqui na sala só um pouquinho? - correu pro quarto, vestiu uma cueca qualquer, escolheu uma camisa e voltou pra sala recebendo direito a primeira convidada.
Ela saiu do banho e agiu com a mior naturalidade do mundo. Outros convidados chegaram e ninguém achou estranha a nova relação daqueles amigos.
Mas eles sabiam... havia algo a mais.

Somente amigos 2

Ela desejou boa noite e fechou a porta do quarto. Ele, ficou parado, olhando a porta fechada. Dava para imaginar direitinho ela indo deitar no colchão que ainda estava no chão, apagando a luz do abjur e tentando dormir, sem conseguir, claro. Ele entrou no quarto, colocou o sapato na sapateira do armário novo. Teve vontade de sair do quarto e abrir a porta do outro quarto. Mas se deitou. "Melhor assim."
Julia se mantinha sentada na cama olhando pra porta, esperando o amigo entrar. Mas ele não entrou. "Tudo bem, melhor assim." Deitou e tentou dormir.

Quando ele acordou o sol já estava alto. Era sábado e não tinha hora para levantar. Olhou do lado e a cama estava vazia. Ficou observando tudo em volta - muitas coisas ainda a serem arrumadas. Levantou-se, lavou o rosto no banheiro e viu a porta da sala fechada, barulho de TV ligada. Julia estava assistindo friends, devia ser uma hora já.
- Bom dia.
- Bom dia, tem café e pão na bancada.
- Tá.. obrigado - ele estranhou o tom de voz. Ela parecia meio brava. O que será que tinha acontecido enquanto ele dormia? Tomando café ele ficou observando-a. Estava nervosa, isso não havia dúvidas. Os pés dobrados em cima do sofá meio curvados para dentro, roendo as unhas da mão. Não tinha pudores quanto a se comportar com aquela camsolinha.
- Você tá bem?
- To. Por que?
- Tá nervosa.
- É, to. Por que?
- Que que aconteceu?
- Nada não.
- Se você precisar de alguma coisa...
- To bem, tá. Só me deixa quieta.
- Tá.. mas a gnete tem que organizar a casa...
- Eu sei.
- Então, se você precisar de alguma ajuda...
- Tá.
- Que houve?
- Com o que?
- Com você, oras.
- Em três dias passa. Só me deixa quieta, ok?!
- TPM?
- Alguma dúvida?!
- Não, nenhuma.

Somente amigos

Amigos a um tempo já. Os dois não viam a hora de sair de casa, ter seu canto do jeito deles. Mas faltava grana, claro. Ela morava de favor na casa de uma tia velha que reclamava de tudo que era possivel e impossivel. Ele era super protegido pela mãe, filho único né, sabe como é. Mas ambos já se sentiam preparados para cortar o cordão umbilical, bater asas e sair do ninho, ou como você preferir chamar.
Dividindo essas angústias na mesa do bar deciram: iam dividir um apzinho e se livrar do que os atormentava. Pouca gente acreditou que eles falavam sério. Foi fácil achar um lugar que os agradava e logo se mudaram. O apartamento ficava perto da faculdade que eles faziam... tinha dois quartos, um banheiro, uma salinha rasoável e uma cozinha americana. Tinha também uma varandinha com vista lateral pro cristo redentor - xodozinho do ap. Os dois se divertiram pintando as paredas da sala, do quarto, arrumando as caixas, pensando na organização na nova casa.
O open house tava marcado para a noite seguinte. O gás ainda não tava instalado e foi preciso pedir comida pelo telefone. Ele ligou, ela atendeu a porta.
Ela não sabia se era a falta de namorado ou o que mas o Lipe, amigo de sempre, e só amigo, estava extremamente exitante naquele dia. Ela não sabia se era a luz, a pouca roupa, a intimidade, mas a vontade era ter algo mais era latente. Nem que fosse só naquela noite.
Ele tentava se segurar e repetia isistentemente como um mantra: "não dá cara, vcs vão morar junto se vcs transarem vão casar, e não é isso que vc quer..." Mas aquela camisola tava de matar um.
Os dois sentaram para comer. Resolveram abrir algumas das cervejas separadas para a noite seguinte. A música tinha sido escolhida por ele e parecia de propósito: acústico do lenine - cd que ela amava e deixava um climinha doce no ar. Uma piada aqui, outra ali, muitas risadas. Ela colocou a mão do joelho dele, mas logo tirou sem graça. Ele sem querer segurou a mão dela, mas logo tirou fingindo que nada havia acontecido. Resolveram dormir, era mais seguro. Arrumaram a mesa, louça na pia, sobra na geladeira. Ela escova os dentes enquanto ele pega algumas coisas que tinha deixado na sala, desliga o som.
Entre um quarto e outro os dois foram se despedir. Estava quente o dia. Não sabiam se se abraçavam, se beijavam ou simplismente viravam de costas desejando boa noite. Alguns segundos se olhando testando a melhor alternativa.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Pequenas conversas de carnaval (2)

Um homem alto de salto alto 15, peruca chanel rosa, um vestido esquisito e uma placa que dizia "votem na ms. pink para garota do fantástico" perada, quer dizer, parado no meio de uma rua. Saida do bloco. Alguns fantasiados, outros nem muito e outros nem um pouco. Cada um que passava levava uma piada.
- Amiiga! Vc tá vestida de que?
- Cadê minha varinha...? Pronto. Rainha das fadas!
- É muuuita maconha!


Um cara mais velho, solteiro convicto aparece em pleno carnaval de aliança no dedo. Vagabunda, é verdade, mas uma aliança.
-O que é isso?
-Casei.
-Como assim?
-Fiquei com uma noivinha no bloco de ontem e ela me deu uma aliança.
Eta criatividade. Ou melhor, eta vontade.


Duas meninas vestidas de noiva.
-Casa comigo? - mais um babaca pergunta.
-Não. To casando com ela.


Um daqueles blocos infernais onde ninguém dança, nada se escuta muito se bebe. Duas tentam se divertir como no bloco de mais cedo, tentam dançar mas a música tá ruim e longe.
- Vam'bora?
- Vam.
Um babaca segura pela cintura. Outre tenta pegar o cabelo. As duas encurraladas por homens de dois metros de altura do tipo só-musculos.
- Puta-que-pariu só tem homem nessa merda!
- Não gosta não? - disse um dos músculos.
- Não desses homens.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Pequenas conversas de carnaval

Um homem. De bermuda preta, capa preta e um tridente na mão dasce as ladeiras de Snta. Teresa atras do bloco. Uma mulher. Saia Jeans, camiseta branca pula na frente dele e grita em tom de indignação:
- Cadê o chifre?!?!



- Vocês tem pó? - nos aborda uma cara mais velho, barrigudo, sem camisa e sem olhar muito pra nossa cara.
- Pó?
- É. pó.
- ?
- Não é pó de cheirar não. É de passar no rosto.
- Não, não. Nenhum dos dois.



Uma moça vestida de joaninha com seu namorado vestido de pirata. Uns homens grandes, fortes, com cara babacas e sem camisa atrás. "rema rema rema remador, vou comer o cu trocador se o trocador for vigarista... (Eis que o cidadão sem noção)
- Vou comer o cú da joaninha!
Olhar incrédulo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Vai tomar no cú.

Tem horas que eu realmente deveria falar isso. Com a boca bem cheia, cheia de vontade, de raiva, a mais genuína possível. É isso que eu penso quando olho para trás e vejo certas situações que passei. Na hora, eu pego a raiva, coloco em um copo com água. Fico olhando efervescer e engulo, sem fazer a menor cara feia. Aí vem a azia, ah e que dor. Vem aí a vontade de voltar no tempo e falar: Vai tomar no cú. Mas é um vai tomar no cú bem mandado. Com um certo desdém e cara de quem a partir dali não quer mais saber daquela coisa ou daquele ser. Vai tomá no cú para afastar aquele que acabou de falar alguma coisa bem imprópria, bem inadequada pro momento, inesperada e bem.. escrotinha. A resposta que eu deveria dar é essa, tenho certeza que me faria bem. Mas engulo com sorriso no rosto.
Depois fico aqui me lamentando do que já passou, chorando no quarto ou com vontade de esmurrar a porta.
Eu deveria evitar bebidas efervescentes.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A primeira vez a gente nunca esquece

Essa semana acompanhei um menino ao seu primeiro dia de aula. Ele estava entrando no CA - que agora se chama 1º ano - na escolhinha nova. A excitação era evidente no olho dele, escolheu a cor de uniforme que ele mais gosta, o tennis mais bonito e foi. Ainda inseguro, o deixamos na sala e ficamos olhando de longe. Aos poucos foi conversando com os outros meninos e em dois minutos estava correndo pela escolhinha com o resto da turma.
Lembrei muito do meu primeiro dia de aula no CA. A gente tinha escolhido tudo da nova escola. O Marista tinha feito um concurso para escolher o nome - Maristinha (dã), o desenho do parquinho. Era tudo do nosso tamininho, novinho, lindinho. Uma emoção ver tudo pronto, no meu primeiro dia de aula.
Fui vendo que lembro muito das minhas "primeiras vezes": o primeiro dente que caiu, a primeira vez que sentei no banco da frente do carro, a primeira vez que andei sozinha na rua - até a padaria, a primeira vez que sozinha passei da padaria, a primeira vez que andei de ônibus sozinha. A primeira vez que tomei cerveja, a primeira vez que voltei depois da meia noite pra casa, a primeira Lapa. O primeiro beijo, a primeira transa, o primeiro fora. Lembro tudo nos mínimos detalhes.
E o mais engraçado é que não é só a minha primeira vez. O primeiro beijo com cada cara eu lembro onde foi, como foi, quando foi, que que eu pensei antes e depois.
Acho que a maioria das pessoas não lembra tanto assim das primeiras vezes. Conversei com outras pessoas e realmente.. lembra uma coisinha ou outra, mas não dão essa importância toda.
Aliás nem eu sei por que dou tanta inpportância para as primeiras vezes. Acho que tavez por que elas não vão nunca mais se repetir então eu tento estar inteira nesses momentos. Ok... ok... nenhum dos outros momentos vão se repetir. Mas é tão gostosa a sensação de descoberta.. a escola nova, o amigo novo, a rua nova, a boca nova.
É tão bom! que a primeira vez, eu nunca esqueço.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A Fé Solúvel

É, me esqueci da luz da cozinha acesa
de fechar a geladeira
De limpar os pés,
Me esqueci Jesus!

De anotar os recados
Todas janelas abertas,
onde eu guardei a fé... em nós

Meu café em pó solúvel
Minha fé deu nó
Minha fé em pó solúvel

É... meu computador
Apagou minha memória
Meus textos da madrugada
Tudo o que eu já salvei

E o tanto que eu vou salvar
Das conversas sem pressa
Das mais bonitas mentiras

Hoje eu não vivo só... em paz
Hoje eu vivo em paz sozinho
Muitos passarão
Outros tantos passarinho
Muitos passarão

Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favor

Um favor... por favor

A razão é como uma equação
De matemática... tira a prática
De sermos... um pouco mais de nós!

Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favor

Um favor... por favor

o teatro mágico transcreve emoções(?)

domingo, 18 de janeiro de 2009

O vento levou.

Levou o sorriso ao ver seu nome na telinha. a alegria ao te escrever.
Levou o sol dos últimos dias, trouxe a chuva rabugenta, mais uma vez.
Levou o brilho no olho, apesar do dia zicado.
Levou a vontade de estudar números, a responsabilidade de ler os textos de dois meses atrás.
O vento bateu na porta.
Entrou sem permissão.
Levou.
Levou com ele parte de mim.
Mas vento que é vento é movimento, vem de outro lugar.
Carrega em si um bocado de outras coisas.
Novas idéias, sempre.
Dúvidas, aos montes.
Medos, sem saber do quê.



Dizem que quem tem medo de vento é louco.




Podem internar.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Carta

Desse teclado sujo te escrevo mais um vez. Tenho certeza que mais uma vez vc não irá responder, mas tudo bem, não me incomodo. O sol tá se pondo lá fora, a Baía tá bonita e o calor tá de matar. Esse ventiladorzinho de duas pás não dá conta. Seu desenho preso no mural tá quase caindo mas eu não me importo.
Quantas vezes fiz questão de manter a sua memória em mim. No meu corpo, na minha vida. A sua marca. Tão desnecessariamente, tão desesperadamente. Me cercava de imagens sons e cheiro que não me deixassem te esquecer e pra que. Uma tentativa inválida de de suprir uma saudade que talvez não fosse para eu sentir. Saudade do que eu sonhava que a gente viveria.
Agora vejo que tudo isso foi em vão. Quando vc quis, disse tchau, virou as costas e foi embora. Mas não fechou a porta - afinal vc nunca faz isso. Deixou um frestinha para eu, boba, ficar te observando indo, indo.
Mas já chega, sabe. Tenho muito mais o que fazer. Há um mundo interinho lá fora para eu percorrer, há milhões de outras coisas para ouvir - muito além do seu violãozinho barato tocando aqueles pops anos 90. - muitas coisas para assistir além das suas séries de tv favoritas.
Eu quero voar e vc me prendia. Dentro de um ninho, uma gaiola, não sei bem. Preciso me livrar dessa e de muitas outras amarras, sei que é só o começo. É verdade, não foi sua, a culpa. Sou eu e minha maldita dependência, carência, imprudência chame do que quiser. Mas em momento nenhum você foi contra isso, não é verdade. Em momento nenhum vc se esquivou. Até gostava né. Massagenzinha para o Ego.
Só que agora é assim que vai funcionar, ok: vc aí, eu aqui.
Preciso de meu espaço, preciso da solidão.
Preciso descobrir quem sou eu.
Sem você.