domingo, 3 de outubro de 2010

Se meu pai fosse um super-herói

Se o meu pai fosse um super-herói ele teria visão de raio-x, com ela seria capaz de olhar por dentro das maquinas e descobrir, não só como elas funcionam, mas também como conserta-las. Ele teria o super-poder de passar muito tempo embaixo d'água, poderia ver tudo que se passa por lá e ainda trazer peixe para a gente. Se o meu pai fosse um super-herói ele teria uma identidade falsa e muitas vezes não demontraria seus sentimentos por isso. Mas ele sempre ajudaria as pessoas com o seu super-poder de consertar tudo. E sem receber por isso. Por ter identidade falsa ele sempre precisaria trocar de profissão, de casa e de disfarçar atras de um bigode. Se o meu pai fosse um super herói ele teria a capacidade de fazer o melhor churrasco do mundo, e por eu ser filha dele, ficaria sempre com a melhor parte. Ele também teria o poder de curar. Com umas bolinhas mágicas brancas que ele carregaria, ele curaria febre, dor de garganta, choro ou catapora. Se meu pai fosse um super-herói ele teria a capacidade de se tornar inesquecível.
É, talvez meu pai tenha sido um super horói.
Pelo menos pra mim.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Será que algum dia vai tudo voltar mesmo a ser como era antes entre a gente?
Fiquei nervosa quando te vi, não sabia o que ia sentir.
Ficou tudo ok, se não fosse pelo teu jeito distante de olhar para a janela, para o lado oposto, por não olhar para mim.
Não sei se é vergonha, se é medo, insegurança.
Se acha que eu vou te agarrar ou te dizer umas verdades que vc não quer ouvir.
Não, não. Eu só queria que não parecesse que há algo estranho entre nós.
Resolvemos, não foi? todos os nossos problemas?
Então por que vc ameaça me abraçar, e recua?
Por que vc me dá um toquinho com o pé para perguntar como eu estou ao invés de agir como gente civilizada que chega perto, cutuca, encosta?
Ai gente estranha, viu.

De volta

Dias lindos de sol, céu azul claro dizendo: levanta! Cada dia uma novidade, um lugar novo uma gente nova. Cada semana uma despedida, um encontro. Descobertas e aprendizados palpáveis a cada dia. Muitas diferenças significativas convivendo, concordando aprendendo a conviver. Um é monarquista, o outro não abraça, um terceiro não conhece a religião católica. Aquele não gosta de tirar fotos, aquela não pára de filmar tudo. Uma se cobre dos pés a cabeça e diz, é minha religião. Outra cada dia veste um short menor que o outro. Ele gosta de comida apimentada, ela é muito tímida, eles querem abraçar todo mundo, mas não pode, por respeito. É tudo sempre novo, fresco se movimentando.
Ao chegar em casa era sempre festa, um chamego, uma cosquinha. Jantar acompanhada, ver um pouco de TV conversar sobre o dia. Ouvir as reclamações dos outros sem afetar em nada meu estado de espírito.

Enquanto isso eu pensava..
Que falta me faz sentar num boteco e jogar conversa fora. Que falta faz o feijão da empregada lá de casa, o colo da mamãe, o cafuné da vovó. Que falta faz meu edredon, minha cama, meu banheiro. Que falta faz meu samba do final de semana, meus amigos sempre cheios de sorriso. Que falta faz meus amores, nunca acabados. Meu cristo redentor, meu pão de açucar, meus arcos da lapa, meus dois irmãos, minha ipanema, meu arpoador. Que falta faz minhas voltas de bicicleta pelo aterro.

Cheguei e o céu tá cinza. O boteco tá caro, meus amigos nem sempre estão sorrindo. minha mãe nem sempre vai me dar colo, o cristo está encoberto. O tempo tá frio. Minah irmã tá longe e tudo parece muito pior do que era antes.
É, me avisaram que eu não ia querer voltar.
Que existe uma tal depressão pós-viagem.
Agora sento,
e espero passar.

E tento me reinventar

domingo, 4 de abril de 2010

Sem definição

O que que é pior: perder o pai de repente numa acidente bizarro de avião ou com uma doença terminal em que você o vê a cada dia morrendo um pouquinho?
O que que é pior: perder o marido de um ataque cardíaco do nada ou ver ele de drogando e se matando por anos?

Essas são perguntas que não tem como responder. É claro que para a filha do doente terminal, ir perdendo o pai aos pouquinhos, sofrendo, é pior do que perder de uma vez. O contrário também é verdadeiro. Para a viúva do cardíaco é bem pior perder o marido de supetão do que ir “se acostumando” que ele vai embora.
A verdade é que a gente nunca se acostuma com a idéia de perder alguém. A perda, a saudade é sempre muito dolorida e não há medição para essa dor. Não tem como dizer “A minha dor é maior que a sua.” Isso não existe. O que difere é a forma como as pessoas lidam com esse dor. Algumas se afundam, bebem, fumam, engordam e vivem em função daquela dor. Outros escolhem outro alvo para jogar todos os sentimentos e se dedicam exaustivamente ao trabalho, ao filho ou a um novo amor. Outros endentem que tudo isso, por mais dolorido que seja, faz parte da vida e o que se tem a fazer é... move on.

Não devemos nos definir por uma dor. Cada um de nós tem muitos dentro de um só. Ninguém é apenas “aquele que perdeu um filho”, ou “aquela que ficou viúva nova”, ou “aquele que perdeu a esposa grávida.” Claro que essas desgraças vão mudar a pessoa, vai fazer parte da vida dela, mas há uma grande diferença entre isso e definir esse ser. Antes de qualquer outro fato essa pessoa tem um nome, pais, uma história. Depois de qualquer desgraça essa pessoa tem relações, desejos, gostos.
Somos todos multi e se definir por um único fato na vida é se reduzir, limitar, rebaixar. É deixar de olhar em volta e ver o tamanho do mundo ao nosso redor, o tamanho do universo ao redor desse mundo. É egoísta acreditar que se é especial por ter sofrido mais do que a maioria.
Não, você não é.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Reedição

Parei pra dar uma lida em uns textos antigos e achei esse, que gostei bastante. Ele não foi escrito para ninguém em especial, apesar de parecer (volto a falar pq na época deu até briga. rs)

Carta
15 de janeiro de 2009

Desse teclado sujo te escrevo mais um vez. Tenho certeza que mais uma vez vc não irá responder, mas tudo bem, não me incomodo. O sol tá se pondo lá fora, a Baía tá bonita e o calor tá de matar. Esse ventiladorzinho de duas pás não dá conta. Seu desenho preso no mural tá quase caindo mas eu não me importo.
Quantas vezes fiz questão de manter a sua memória em mim. No meu corpo, na minha vida. A sua marca. Tão desnecessariamente, tão desesperadamente. Me cercava de imagens sons e cheiros que não me deixassem te esquecer e pra quê. Uma tentativa inválida de suprir uma saudade que talvez não fosse para eu sentir. Saudade do que eu sonhava que a gente viveria.
Agora vejo que tudo isso foi em vão. Quando vc quis, disse tchau, virou as costas e foi embora. Mas não fechou a porta - afinal vc nunca faz isso. Deixou um frestinha para eu, boba, ficar te observando indo, indo.
Mas já chega, sabe. Tenho muito mais o que fazer. Há um mundo interinho lá fora para eu percorrer, há milhões de outras coisas para ouvir - muito além do seu violãozinho barato tocando aqueles pops anos 90. - muitas coisas para assistir além das suas séries de tv favoritas.
Eu quero voar e vc me prendia. Dentro de um ninho, uma gaiola, não sei bem. Preciso me livrar dessa e de muitas outras amarras, sei que isso é só o começo. É verdade, não foi sua, a culpa. Sou eu e minha maldita dependência, carência, imprudência chame do que quiser. Mas em momento nenhum você foi contra isso, não é verdade? Em momento nenhum vc se esquivou. Até gostava né. Massagenzinha para o Ego...
Só que agora é assim que vai funcionar, ok: vc aí, eu aqui.
Preciso de meu espaço, preciso da solidão.
Preciso descobrir quem sou eu.
Sem você.

De repente 20.

Olho para uma foto de muito tempo atrás: meu aniversário de 18 anos.
De repente percebo que os 18 já passaram e por definição, não voltam mais. Provevelmente muitos ao lerem isso vão pensar muito tempo o quê, tem só dois anos! nova ainda falando de idade!.
Acontece que não estou falando dos aniversários que fiz, estou falando de sentir o tempo passar. É você se tocar de que não pode mais cometer os mesmo erros, não tem mais todas as escolhas do mundo na sua frente, não poder ter 15 ou 18 anos de novo.
É olhar para tras e ver quantas mudanças aconteceram na vida, quantas pessoas passaram por ela e não fazem mais parte.
É brigar com um amigo e não precisar lidar com isso, se quiser, pois vc não precisa mais encontrar com ele todo dia na escola.
É ter uma independencia nas proprias escolhas que te tornam mais responsável. Por você. Pelos seus atos. Amigos e familiares.
É uma responsabilidade cobrada, in/explicitamente o tempo todo: vc precisa se formar, vc precisa se sustentar, vc precisa se responsabilizar pelos seus atos.
Cada vez é mais dificil largar tudo e passar um dia na praia ou no cinema.

De repente o tempo passou e eu nem vi.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Ontem me falaram umas verdades (ou não)

Me disseram que eu estou fora da média. (Alias essa não foi a primeira vez) Me contaram que não adianta tentar ser igual a todo mundo por que eu não sou, e não vou conseguir ser.
Me disseram que por isso é bem provavel que esse cansaço das pessoas que eu ando sentindo será cada vez mais frequente e por isso é bem provável que eu seja meio sozinha. Por que as pessoas não irão me entender, e eu não terei paciência para os seus papos vazios.
Me disseram que há poucas pessoas assim, como eu, e que há possibilidade de eu supera-las, já que tenho só 20 anos, recém feitos.

Bom destino esse traçado para mim. Sozinha, diferente, incompreendida...feliz?

( ) accept
( ) not accept

sábado, 16 de janeiro de 2010

A ignorancia

Cada vez tenho mais certeza de como é um dom ser ignorante. As pessoas chingam outras de ignorante, mas a partir de agora se alguém me mandar essa responderei de boca cheia: "muito obrigado!"
Admiro pessoas ignorantes. Essas sim sabem como viver a vida. Afinal, é tão mais fácil quando não se sabe nada, não se percebe nada. Admiro ainda mais os ignorantes consientes que são aqueles que não sabem nada e não QUEREM saber nada. Isso sim é saber viver a vida.
Veja só, os que muito sabem buscam sempre saber mais e mais, ficando presos nessa eterna e cansativa busca o resto das suas vidas. Os ignorantes não! Esse vivem sua vidinha mais ou menos, uma rotina quase sempre fixa, sem correr muito perigo, sem precisar pensar de mais. Pra quê esforço?
A consiencia dói demais, dá trabalho, exige muito da gente. Ser ignorante é muito mais inteligente (com o perdão do trocadilho) e absurdamente mais fácil. Mas tudo é uma questão se escolha, que só se faz uma vez na vida. Depois disso ou vc fica na média junto com todo mundo, ou sofre com uma ave bicando seu fígado para toda a eternidade.
Aviso aos que não escolheram: viver na média é sempre mais fácil.
O mais fácil raramente é melhor.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

seu FILHO DA PUTA.
não, filho da puta não, sua mãe é mó legal.

seu VIADO.
viado nãoo, preconceituoso. E anda aparecendo tantos viados legais da minha vida que isso tá mais pra elogio.

Aí, é dificil chingar hoje em dia.
Dificil chingar VOCÊ hoje em dia.
Nenhum palavrão ou chingamento que conheço está adequado ao que sinto e penso de você nesse momento.
Não é que vc não fez/disse/quis o que eu esperava, me decepcionou, ou algo assim, foi que vc fez muito abaixo do minimo do minimo do minimo aceitavel para alguém como você. Canalha, escroto, babaca. Ridiculo. É pouco.
Não sou disso, mas tudo que faço é escrever essas linhas proibidas para menores, pois

te encontro.
sorrio.

aprendi a ser sinica.