quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Leito

Tem dias que minha cama é pequena de mais para nós dois. Expulso. Me espalho: pernas para um lado, braços para o outro. Ocupo cada espaço.
Sozinha.
Outros dias ela cresce. Deito no canto perto da parede. Escolhida. Abraço meu travesseiro, espero. Seu braço me acobertar, seus dedos se entrelaçarem nos meus. Suas pernas se encaixarem nas minhas, sua respiração na minha nuca.
Espero.
Mas não há. Não respira. Não tem pernas, nem dedos, nem abraços.
Nome? Solidão.
Sobrenome? Saudade.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Projeto: Música

Essa semana acabou o estágio da pesquisa sobre o consumo de música por jovens que eu estava fazendo pela faculdade. Desde maio estamos nesse projeto conversando com pessoas, entrevistando, passando questionários. Não teve como não pensar na minha trajetória com a música, gostos que mudaram, como eu consumo música, o que quero estudar e aprender sobre o assunto, e por que não, pesquisar mais.

Música sempre foi uma das minhas paixões. Muito por influência da minha mãe, com certeza, que sempre ouviu muita música em casa. Especialmente música brasileira. Aliás, só musica brasileira. Gil, Gal, Chico, Rita Lee, Paulinho da Viola era o que tocava lá em casa. Fora isso, quando pequena, herdei alguns discos infantis dos meus primos como Uni-du-ni-te, Balão Mágico, Carrossel e cia. Tinha algumas fitas também do Rá-ti-bum e da Bia Bedran. Então antes mesmo deu escolher o que eu queria ouvir, era isso que eu escutava.

Um pouquinho mais velha, aprendendo a mexer no controle remoto da TV, a colocar disco na vitrola, fita e CD no rádio, passei a escolher mais o que ia ouvir. Então a trilha lá de casa mudou um pouco: Chiquititas e Mamonas Assassinas (que eu só tinha uma fica cassete pirata pq a mamãe se recusou a comprar o CD que eu tanto queria). Foi a época também que ganhei de presente de aniversário uma amiga minha um walkman. Um máximo aquele presente!

Com 6 anos entrei no coral da escola. Um pouco antes já queria cantar, mas ainda não tinha coral para a minha idade. O contacto com o fazer música foi importante para a valorização e atenção dada. Passei a prestar mais atenção nas músicas, letras e melodias. Fiz 10 anos de coral e posso dizer que as músicas que mais me marcaram form as que cantei lá. Pois eram dias e dias de ensaios cantando aquilo, fora as apresentações e viagens, amigos e milhares de lembranças. E conheci muita coisa através das músicas que a gente ensaiava também. Rock, por exemplo, passei a conhecer através do show do Rock que a gente montou em 2001.

Mais ou menos nessa época, inicio dos anos 200 passei a usar mais o computador e a baixar mais músicas. Inicialmente baixava só os "hits" pq eram musicas que eu ouvia no rádio da condução do colégio para casa e que eu não iria comprar o CD inteiro, pois só queria aquela musica que tocava na radio. Gravava CDs com o que baixava para ouvir no diskman.

Computador novo, Internet mais rápida, mais memória, mp3player. Pra que comprar CD se eu tenho TODAS as músicas que quero a partir dessa maquininha aqui? A grande vantagem de baixar música, para mim, é a falta de compromisso. É, isso mesmo. Quando vc vai comprar um CD, para gastar o dinheiro da minha mesada, que não é muito, eu tenho que gostar muito da coisa. Isso me exclui de conhecer muito artista, muita música boa. Ou não. Pela net posso baixar um monte de funck pra só colocar no iPod quando tiver festa. Coisa que eu não faria se fosse um CD.

Hoje só compro CD quando é de amigo. Ou então de música popular tipo jongo, ciranda, pq aí é mais difícil de achar na net. Fora isso, acabei de descobrir o MySpace. Compromisso zero! Escuto o que quiser, quantas vezes eu quiser, tenho as informações que eu quero. E se gostar eu baixo. E se eu gostar muito, vou no show.

Não canto mais. Talvez seja uma das coisas que sinto mais falta. Do ensaio, do palco, das luzes, dos aplausos. Tenho um violão aqui em casa, mas na minha mão ele é mudo. Toco nada. Quando posso mato minha vontade contado no chuveiro, na frente do PC, ou nas rodinhas de violão organizadas pelos vários amigos músicos.
O bichinho da música me mordeu. Não tem como viver sem.

Como será de agora em diante o consumo da música? E as indústrias culturais?
Espetáculo ao vivo é a solução. Neste ponto concordo com meus amigos, Pedrin e Luiza. No show o artista é completo. É em cima do palco que ele é mais verdadeiro.
É lá que ele tem que ficar.

domingo, 7 de setembro de 2008

“Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas. Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.

Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la… E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida.

Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam…Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.

Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.

Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.

Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.

Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.

Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens… Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém… Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.

Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.

Aprende que o tempo não é algo que possa voltar. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar”.




Texto achado na Internet que fala sobre muitas coisas qeu tenho pensado...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O dia que a ESPM quase explodiu

O professor é chamado fora de sala por uma mulher desconhecida. Volta com o semblante sério e preocupado.
-Tivemos um problema sério e o prédio terá que ser evacuado. Isso não é brincadeira, isso não é treinamento. Vamos sair com calma pela escada. Sem gritar. Levem as suas coisas.
A sala começou a ser esvaziada e algumas mochilas ficaram. Alguns levaram as mochilas esquecidas. Outros correram nervosos. Um segurança impedia a passagem para o resto do corredor.
-É vazamento de quê?
Ele fez cara de que não podia falar e disse baixinho:
-De gás.
Senti o cheiro, comentei com quem tava perto. Fiquei mais tranqüila, era só gás.
Nas escadas apertadas do prédio de 12 andares as pessoas saiam das suas respectivas salas e pegavam o caminho da saída. Um aluno comentava com o outro:
-Eu falei para você não furar aquele cano... Sabia que ia dar merda.
Uma menina falava rindo:
-Terroristas tão atacando o prédio da ESPM!
Outros gritavam:
-O Telles* ta pegando fogo hein galera.
Uma garota comentava:
-Poxa, logo sexta feira a gente teve que sair mais cedo! Que merda, hein.
Um outro amigo me dizia, sinceramente:
-Vim só pra aula do Luciano e vou ter que voltar pra casa.
Acho que era o único que não tinha gostado da “brincadeira”.
Chegando no térreo a esquina em frente a faculdade já estava lotada de alunos. Logo apareceu a sirene de trote tocando o tema do Titanic. Alguém perguntou:
-É trote?
-Claro que não. A diretora também foi embora.
Uma amiga desesperada:
-Gente eu vou embora. Vai que explode? Vai voar caco de vidro para tudo quanto é lado!
-Fica calma, se tivesse que explodir isso já tinha acontecido... olha quanta gente fumando aqui na porta!
-Ai gente eu já tava imaginando eu sendo carregada por bombeiros! – se desespera a desesperada - Não quero mais estudar no último andar não!
-Mas é, se pega fogo, o fogo some. A gente é que se fode. – o pessimista fez questão de enfatizar.
A faculdade realmente parecia cenário de um daqueles filmes americanos em que algum adolescente descontrolado invade a sala e mata todo mundo. Ou um daqueles em que há simulação de incêndio, ataque terrorista, ou algo parecido.
Faltaram os bombeiros ou policiais. Faltaram os tiros ou a fumaça, os gritos e choros. Faltou aquela aguinha sendo espirrada do teto. Faltou ser mesmo um filme.

Eis que surge a professora de psicologia que hoje tinha dado uma aula que falava sobre a reação das pessoas, as emoções, realidade, fantasia, atitudes de respostas perante o grupo.
Algumas aulas passadas ela comentou de pessoas que fazem piadas numa situação de desconforto. Ou de pessoas que não acreditam no que falam para elas. Falou sobre os que se desesperam, dos que falam logo sobre a pior situação possível. Contou sobre as fantasias, onde sonhamos acordados com uma situação. Criamos historinhas e suposições de cosas que fogem totalmente da realidade.

Acredito que essa situação foi um bom laboratório sobre a aula dela.



* Telles é o bar que os alunos da ESPM freqüentam antes, durante e depois das aulas.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Notas sobre este blog

Por meio deste post faço questão de ratificar que os textos que escrevo neste blog não necessariamente foram escritos para alguém, não necessariamente aconteceram comigo, não necessariamente aconteceram.
É claro que escrevo coisas que sinto e penso, minha inspiração são as coisas que acontecem ao meu rodor, logo há muita autobiografia aqui. Mas nem tudo.

Gostaria de pedir para as pessoas que leem esse blog comentarem nos posts. Sei que muitas vezes não há o que comentar, mas outras há. Então se discorda, comenta. Se gostou, comenta, elogia. Se não comenta também. Sugestões e criticas são bem vindas e aceitas.