quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Dedicatória

Te digo e repito
Tudo q bem quero
Estudo e reflito
Partindo do zero

A palavra brincada
É arte de gente sabida.
P ajudar na caçada,
Inspiração oferecida:

Amôr,
Millôr.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

UMA VIDA INTERESSANTE




Martha Medeiros

"E, se eu lhe disser que estou com medo de ser feliz pra sempre?" pergunta ao seu analista a personagem Mercedes, da peça Divã, que estréia hoje em Porto Alegre.

É uma pergunta que vem ao encontro do que se debateu dias atrás num programa de tevê. O psicanalista Contardo Calligaris comentou que ser feliz não é tão importante, que mais vale uma vida interessante. Como algumas pessoas demonstraram certo desconforto com essa citação, acho que vale um mergulhinho no assunto.

"Ser feliz", no contexto em que foi exposto, significa o cumprimento das metas tradicionais: ter um bom emprego, ganhar algum dinheiro, ser casado e ter filhos.

Isso traz felicidade? Claro que traz. Saber que "chegamos lá" sempre é uma fonte de tranqüilidade e segurança. Conseguimos nos enquadrar, como era o esperado. A vida tal qual manda o figurino. Um delicioso feijão-com-arroz.

E o que se faz com nossas outras ambições?

Não por acaso a biografia de Danuza Leão estourou. Ali estava a história de uma mulher que não correu atrás de uma vida feliz, mas de uma vida intensa, com todos os preços a pagar por ela. A maioria das pessoas lê esse tipo de relato como se fosse ficção. Era uma vez uma mulher charmosa que foi modelo internacional, casou com jornalistas respeitados, era amiga de intelectuais, vivia na noite carioca e, por tudo isso, deu a sorte de viver uma vida interessante. Deu sorte?

Alguma, mas nada teria acontecido se ela não tivesse tido peito. E ela sempre teve. Ao menos, metaforicamente.

Pessoas com vidas interessantes não têm fricote. Elas trocam de cidade. Investem em projetos sem garantia. Interessam-se por gente que é o oposto delas. Pedem demissão sem ter outro emprego em vista. Aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram. Estão dispostas a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do zero inúmeras vezes. Não se assustam com a passagem do tempo. Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor, compram passagens só de ida.

Para os rotuladores de plantão, um bando de inconseqüentes. Ou artistas, o que dá no mesmo. Ter uma vida interessante não é prerrogativa de uma classe. É acessível a médicos, donas de casa, operadores de telemarketing, professoras, fiscais da Receita, ascensoristas.

Gente que assimilou bem as regras do jogo (trabalhar, casar, ter filhos, morrer e ir pró céu), mas que, a exemplo de Groucho Marx, desconfia dos clubes que lhe aceitam como sócia. Qual é a relevância do que nos é perguntado numa ficha de inscrição, num cadastro para avaliar quem somos? Nome, endereço, estado civil, RG, CPF. Aprovado.

Bem-vindo ao mundo feliz.

Uma vida interessante é menos burocrática, mas exige muito mais.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Definir é limitar.

Hoje, prefiro minha liberdade.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Transitividade

O amor mais sublime é verbo intransitivo. O amor puro e belo para mim, não precisa ser reciproco, não precisa de telefonema, beijo, palavras bonitas, objeto. Ele existe em si só e não acaba nunca, como o ar que compartilhamos. O amor perdoa, compreende e aceita. O amor é completo em 5 letras e um grande sentimento.

Para te amar não dependo de você. 

Acho lindo toda essa minha crença e era exatamente isso que gostaria de sentir. Ou pelo menos, acho que devo. Mas minhas amarras terrenas fazem com que eu não lembre do porque te amei, te esperei, te guardei. Fazem eu dizer tudo isso no passado e não querer te ver hoje. Fazem eu sentir raiva, ressentimento e mais um monte de coisas ruins. Sentimento que me dão nó na garganta e água nos olhos, às 9h de uma quinta feira, no ônibus, indo para o trabalho ouvindo All You Need Is Love.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Troca?

Passei na banca e decidi comprar mais um pacotinho. Abri animada mas com cuidado, nunca se sabe o que iremos encontrar dentro de um pacotinho de figurinhas. Abri.
Dentro dela, você, brilhante, rara de se ver, desejada, no meio de uma maré de má sorte.
Depois dos pulinhos de alegria tive que decidir colar no meu álbum ou colocar pra jogo?
Se colasse no álbum, você ficaria ali esquecida, fazendo parte de um todo, uma história, no meio de tantas outras figurinhas.
Se te colocasse pra jogo tenho certeza que te perderia. Não por ser pessimista, mas por saber que eu não iria dar o valor que você merecia. Certamente iria te perder, numa partida de bafo ou numa troca desvantajosa.
Esse não era o momento de você aparecer, brilhante... Resolvi te pôr no bolso. Arrisco, pois você pode cair a qualquer momento. Mas posso também, quem sabe, um dia lembrar de você, te tirar do bolso e te colocar pra jogo. Vai que num dia de boa sorte, você não vira pra mim.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Oi, não venha.
Por favor.
Não quero te ver ocupando a minha cama durante mais uma noite. Não quero que me veja chorando baixinho com saudades de quem não está no seu lugar.
Me deixe almoçar sem a sua companhia, não me persiga no meio da multidão, deixe que outro sente ao meu lado no ônibus.
Sempre que me olha sinto um arrepio na espinha, um vazio no peito que cresce, cresce e toma conta de mim. Nestes dias fecho a cara e as outras pessoas parecem não notar sua presença constante ao meu lado. Por favor, deixe que tomem o seu lugar. Sai daqui e deixa esse espaço vazio que é melhor. Prefiro lidar comigo sozinha do que acompanhada por você. Sua cia é cada vez mais sufocante e te imploro, me liberte. Vai embora e não me enforque mais, por que dói e eu cansei de você, Solidão.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Mais uma vez no aeroporto.

Gosto muito de aeroporto. Gosto de ver essa gente que parte essa gente que chega e principalmente os encontros. Ah, os encontros são lindos de ver. Sempre fiquei pensando que gostaria de perguntar a cada uma daquelas pessoas que esperam quem e por que esperam. Até que fizeram um programa com isso, mas que me emociono de mais quando vejo, então não vejo. Mas continuo imaginando, por que na minha imaginação as histórias são sempre lindas e com finais felizes. Não que eu acredite em contos de fadas, mas já que vou imaginar, melhor que seja coisa boa. E toda vez que chego, não importa se vou ou volto sempre saio do portão do desembarque esperando ver um rosto conhecido. Portão de desembarque pra mim tem cheiro de abraço com saudade. Eu gosto de ser independente e normalmente digo a todos que não precisam me buscar, e não precisam mesmo, sei me virar. Mas lá no fundo sempre desejo uma surpresa. Tem coisa mais gostosa do que chegar em um lugar e ser recepcionado com um sorriso e um abraço? Pois são assim todas as minhas boas lembranças de aeroporto, um amigo de braços abertos me esperando.

Mas aeroporto num geral tem cheiro de saudade. Também já chorei muito em aeroporto, principalmente de saudades antecipadas. É difícil soltar um abraço bom sabendo que ficará um tempo sem sentir aquela pessoa ali, na sua frente. Mas é também nesse momento que as pessoas se declaram, se abrem naquela sensação de não ter o amanhã. Mesmo sabendo que a pessoa vai voltar, e muitas vezes tem data definida, o coração fica apertadinho com aquele último tchau, antes se virar a curva.

Aeroportos me deixam carente. Do último beijo, do ultimo abraço, do ultimo sorriso. Porque mesmo eles não sendo os últimos, para sempre, são sempre sinceros e carregados daquela sensação.... de que a gente só começa a dar valor para a presença, na ausência.